O pombo branco


Leitura Bíblica: Gálatas 5.13-14

Ora, o Senhor é o Espírito e, onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade (2Co 3.17).

Era uma vez um príncipe que, fascinado pela beleza de um pombo branco, mandou fazer para ele uma confortável e espaçosa gaiola. E convidou o pombo a viver ali. O pombo, honrado com o convite, aceitou. A gaiola tinha tudo aquilo que ele poderia desejar. Viver nessa gaiola significava que não deveria fazer nada para prover àquilo de que necessitava, pois tudo lhe seria regularmente fornecido. Com o passar do tempo, o pombo sentiu crescer em si uma estranha inquietação, que não conseguia decifrar. Sentia falta do céu aberto, dos raios de sol e da chuva sobre suas plumas: de vez em quando gostaria de poder esticar as asas e voar, extasiando-se à vista das coisas do alto, provar vertigens, gostaria de sentir o esforço e o empenho necessários para alcançar o que se deseja. Ao contrário, desde que se encontrava naquela gaiola, tudo lhe era oferecido gratuitamente. “Gratuitamente?” perguntava a si mesmo. Não. O que recebia tinha um preço muito alto: a liberdade. Quando descobriu que nesses anos confundiu segurança com dependência, gratidão com complacência, livre escolha com obrigação, compreendeu que chegou o momento de deixar a gaiola, mesmo tão confortável, e recomeçar a voar com suas próprias asas.
Mas não sabia como. Não sabia se devia pedir permissão ao príncipe, temia que lhe dissessem não. Enquanto meditava, apoiou-se na porta da gaiola descobrindo que a mesma encontrava-se aberta. Observou atentamente, poderia tratar-se de uma armadilha. Quanto mais observava, mais percebeu que a gaiola sempre esteve assim. Ele pensava estar fechado numa gaiola, mas a porta sempre esteve aberta, para consentir escolher ficar ou ir embora. Dependia só e exclusivamente dele mesmo.
Certas comodidades parecem muito boas, mas, na verdade, elas cobram um preço muito alto. Alguns prazeres são pecado e levam à escravidão. “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5.1a). 

A porta está aberta, saia da gaiola. 

Comentários