Política Para Quê?


Por Robinson Cavalcanti

Somos seres humanos, gente, pessoas criadas com atributos outorgados por Deus para vivermos na terra, governá-la, administrá-la, cuidar dela, preservá-la, organizar os sistemas econômicos, as culturas, a vida em sociedade. Somos seres eminentemente sociais. Somos cidadãos (habitantes da civitas), políticos (habitantes da polis). Ser ou não ser polít
ico não é uma opção, mas uma condição humana.
Os cristãos devem retomar o projeto original de Deus de mordomia da ordem criada: o mandato cultural. Não podem ser tentados por Caim, em sua irresponsabilidade cívica (“sou porventura guardador do meu irmão?”), nem tentados por Pedro no Monte da Transfiguração, “curtindo” eternamente as bênçãos da glória, nunca descendo aos vales e aldeias para libertar e sarar os sofredores.
Temos sofrido, em nosso país, da desinformação e da alienação política, que nos tem tornado irresponsáveis, insensíveis, antiéticos, egoístas e naus cidadãos. Devemos nos arrepender desse pecado social e nos consagrarmos como “sal” e “luz” para o mundo.
A questão não é só participar ou não da política, nas como (dimensão ética) e para que (motivação correta). O Estado não é o lugar para buscarmos favores ou privilégios pessoais ou eclesiais, nem instituição para obrigarmos os outros a seguirem nossos pontos de vista. O Estado é um espaço de testemunho e de serviço ao próximo, à coletividade. É um canal para a construção de uma ordem social onde imperem os valores do Reino: liberdade, justiça, paz, honestidade, etc.
Política é toda ação coletiva (comunitária, sindical, estudantil, partidária, etc.) e não só embate eleitoral periódico. É um espaço de vocações lícitas e de tentações, como qualquer outro. Mas, também, um espaço de vitórias.
Um cristão não deve ficar ausente ou alheio, mas deve ser uma pessoa bem informada e participante, procurando influenciar o mundo com seus valores, convicções e projetos.
O cristão não pode votar por mera simpatia, troca de favores ou preconceitos. Deve estar atento para a verdade e repelir os boatos falsos, as mentiras que procedem do demônio.
Graças a Deus, não há ameaças à liberdade religiosa no Brasil. Esse é um dos princípios constitucionais, subscrito por todos os partidos. Devemos procurar dar vida à letra da Constituição.
Em tantos episódios históricos, a atitude dos cristãos tem sido decisiva para os rumos dos povos: ora acertando e promovendo o bem, ora errando e promovendo o mal. Isso tem sido verdade, inclusive na comunidade evangélica brasileira.
Quais são as amizades dos nossos candidatos? Com quem eles são comprometidos: com a maioria, com o conjunto, ou com minorias privilegiadas? Sua eleição concentraria ou desconcentraria o poder, o saber, a propriedade e a renda?
Nenhum candidato é um “Messias”, mas um frágil líder humano, com virtudes e defeitos, e somente consegue fazer alguma coisa se tiver o respaldo de uma comunidade participativa.
Com oração e discernimento os cidadãos cristãos poderão concorrer para uma melhor pátria terrena, reduzindo a violência, a marginalidade, a fome e o desamparo de crianças e velhos. 

Exerçamos santamente a cidadania.

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